CGU encontra falhas em todas as prefeituras auditadas

A operação João-de-Barro, que levou para a cadeia essa semana 25 pessoas de uma quadrilha que desviava recursos de prefeituras em vários estados, é apenas a ponta de um esquema de corrupção que se repete há anos no país.

Desvio de recursos, superfaturamento, fraudes em licitação e dezenas de outras irregularidades foram detectadas em todas as 720 prefeituras, com até 500 mil habitantes, auditadas pela Controladoria-Geral da União, a partir de 2005, quando estiveram em análise as contas dos atuais prefeitos que buscam a reeleição ou tentam fazer seus sucessores.

Desde 2003, quando começou o programa, a CGU já auditou recursos da ordem de R$ 8,5 bilhões e constatou que em cerca de 80% dos municípios existem irregularidades graves, e outras menos graves nos demais. Pela amostragem, quase a totalidade dos 5.564 municípios brasileiros tem problemas que vão desde simples erro de documentação, até as mais graves, como obras inacabadas, uso de notas frias, superfaturamento de preços, empresas fantasmas, fraude em licitação.

Só no ano passado, o Tribunal de Contas da União, que aprofundou as investigações da CGU, aplicou multas e determinou a devolução de recursos que somam R$ 521 milhões, mas nenhum centavo voltou aos cofres públicos.

Todos os partidos

Pelo programa da CGU, que escolhe por sorteio as prefeituras a serem auditadas, todo os grandes partidos têm prefeitos envolvidos em irregularidades. Prefeitos do PSDB e do DEM são, proporcionalmente, os menos investigados pelos auditores da Controladoria. Dos 720 municípios sorteados, 91 são administrados por prefeitos do DEM (11,5% do total de prefeituras desse partido) e 93 são do PSDB (10,6% do total de tucanos prefeitos).

O mais azarado é o PR: das 388 do partido, 73 foram auditadas. Até o PT é, proporcionalmente, mais investigado que os dois algozes da oposição. Das 411 administrações petistas, 58 (14,11%) já foram auditadas pela CGU. Em números absolutos, o PMDB é o grande líder por ser o partido que administra mais cidades. Das 1.057 prefeituras do partido, 162 (15,3%) passaram pelo crivo da controladoria. Mas, apesar das auditorias, o resultado prático – como o retorno dos recursos desviados – é pífio.