Corrupção generalizada
Jornal da Manhã - Ponta Grossa | 18 de junho de 2008
O combate à corrupção no Brasil é igual ao combate ao analfabetismo, que se iguala ao combate à fome, que é idêntico ao combate à prostituição e ao trabalho escravo. Fala-se muito, escreve-se mais sobre eles e não se chega à solução de nenhum, ou sequer ao diminuí-los substancialmente. Ao menos uma vez por semana, a Polícia Federal estoura um bando, uma quadrilha que desvia milhões, às vezes chegando às centenas, de dinheiros público, sem nenhuma punição exemplar. Os mais recentes são os fraudadores gaúchos, a máfia do Garotinho no Rio de Janeiro, as trinta mil carteiras de habilitação de Ferraz de Vasconcellos, a influência do governo Federal na compra da Varig, do diretor do Denarc, que tem um patrimônio de quatro e meio milhões de reais, adquiridos com salário de oito mil. O prefeito de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, esta sendo preso e solto a todo instante que é encontrado com sacolas de dinheiro. De tanto, não cabe na cueca!
As autoridades entram em cena logo para criticar as leis que tentam coibir os abusos. O presidente Lula é o campeão em contestar publicamente leis de combate ao crime lesa-pátria de surrupiar dinheiro público. As reiteradas comissões parlamentares de inquérito instaladas pelo Congresso Nacional reforçam o conceito de que não tem jeito, já tão arraigado na população. O presidente Severino Cavalcanti, autoridade máxima da Câmara dos Deputados, achacava donos de restaurantes. O mensalão, as ambulâncias superfaturadas, o Paulinho e o BNDS, dinheiro na cueca, em hotel, em casa, são apenas exemplos isolados de um estilo de administrar generalizado. Com tantos desvios criminosos, nenhum agente público está na cadeia. É fato estatisticamente comprovado de que o Poder só funciona para pobres. E nenhuma satisfação é dada à sociedade, a não ser as justificativas de sempre. Falta gente, falta material, falta informatização. Realmente falta tudo, principalmente o compromisso de cumprir o seu dever legal de punir quem comete crime, independe da classe social e da quantidade e qualidade dos advogados, outro fator que só prevalece em função da fraqueza do Poder Judiciário.
Atribuem a responsabilidade pelo controle da corrupção à sociedade. Não dizem com que instrumentos e a quem recorrer. Enquanto isso, multiplicam-se as pessoas que ganham salários ínfimos e acumulam patrimônio de magnatas mexicanos.
Pedro Cardoso da Costa, bacharel em Direito (pcardosodacosta@yahoo.com.br).
Monitoramento do Pacto
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