Extradição evita que Abadia se "abrigue na impunidade" no Brasil, diz Tarso Genro

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Depois de autorizar a extradição do traficante Juan Carlos Ramírez Abadia para os Estados Unidos, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse nesta quinta-feira que a sua expulsão vai evitar que o colombiano se "abrigue na impunidade" no Brasil. Como Abadia foi condenado no país somente pelo crime de lavagem de dinheiro, Tarso disse que sua permanência em solo brasileiro permitiria a sua liberdade em curto prazo.

"Aqui ele foi condenado apenas a 13 anos e meio [de reclusão], com a possibilidade de sair para a rua muito cedo. Aqui, ele só foi condenado pelo crime que cometeu, de lavagem de dinheiro. Ele não fez tráfico de drogas aqui, não foi constatado isso, nem cometeu nenhum assassinato ou violência. Pensou que estava abrigado na impunidade aqui no Brasil e se deu mal", afirmou.

Segundo o ministro, a extradição do traficante será melhor para o Brasil e para os Estados Unidos, pois vai permitir o combate ao tráfico de drogas em todo o mundo. Tarso disse que o governo dos EUA se comprometeu em adequar os limites do processo penal norte-americano à legislação brasileira.

"Lá, nos EUA, ele vai ser processado por múltiplos assassinatos, tráfico de drogas, evasão de divisas, enfim, receberá uma pena muito maior", disse. Ele acrescentou que a medida foi vantajosa para ambos os países.

"É melhor para o Brasil e seguramente foi melhor para o combate ao tráfico de drogas, porque vai entrar em cadeia repressiva dos americanos que seguramente vai ajudar a combater o tráfico de drogas e a criminalidade no mundo."

Na defesa da extradição, Tarso disse que a decisão foi "puramente técnica e formal". "É muito importante salientar que essa extradição vem em curso de um exame técnico profundo jurídico feito pelo Ministério da Justiça, que recomendou que a extradição fosse realizada", afirmou.

Extradição

O "Diário Oficial" da União publicou na quarta-feira (20) a decisão do ministro Tarso de expulsar do território nacional o megatraficante, com sua entrega ao governo dos EUA. A extradição já havia sido decidida pelo governo brasileiro no início de agosto. Segundo o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, ele deverá ser extraditado dentro de uma semana.

Abadía foi preso no dia 7 de agosto do ano passado em um condomínio de luxo em Aldeia da Serra (Grande São Paulo). Ele é apontado pelo DEA (Drug Enforcement Administration, a agência antidrogas norte-americana) como um dos maiores traficantes do mundo e um dos líderes do cartel do Norte do Vale, na Colômbia.

No Brasil, ele foi denunciado sob acusação de lavagem de dinheiro, uso de documento falso, formação de quadrilha e corrupção ativa. O colombiano teria fugido para o Brasil em 2004 após o pedido de extradição formulado pelos Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, Abadía é acusado de traficar drogas no Colorado e em um dos distritos de Nova York e, como líder do cartel, teria enviado mil toneladas de cocaína para aquele país. Ele ainda é acusado de ordenar 315 assassinatos --300 na Colômbia e 15 nos EUA.