Mantida a prisão de réu do mensalão

O juiz Alessandro Diaféria, da Justiça Federal de Guarulhos, negou pedido de liberdade para Enivaldo Quadrado, preso em flagrante sábado no Aeroporto de Cumbica, com 361,5 mil euros (equivalente a R$ 1,16 milhão) nas meias, cintura, cueca e numa pasta. Ex-sócio da corretora Bônus Banval, Quadrado também é réu por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no processo do mensalão. Ele continua no cadeião de Pinheiros, na capital.

Ao falar de sua decisão, Diaféria disse que não dá para ignorar a grande quantia de euros apreendida pela Polícia Federal quando o empresário desembarcava de um vôo da companhia aérea portuguesa TAP proveniente de Lisboa. E nem “a existência de processo criminal envolvendo lavagem de dinheiro”, em alusão à ação penal nº 470, referente ao mensalão, que corre o Supremo Tribunal Federal (STF).

Quadrado é um dos 40 réus do processo, ao lado do ex-ministro José Dirceu, do qual seria amigo íntimo, do publicitário Marcos Valério, de deputados e ex-deputados. O empresário é citado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A corretora Bônus Banval, liquidada após o escândalo, teria repassado dinheiro, a petistas e aliados, oriundo do chamado valerioduto.

O juiz ressaltou que a situação em que Quadrado se encontra merece “cautela”: “Pode ser mera coincidência, mas não há como ignorá-la”. O empresário declarou à Receita Federal que a quantia encontrada com ele tem como origem um empréstimo realizado por um amigo de Portugal e seria utilizado para comprar automóveis a serem revendidos aqui.

Quadrado, porém, omitiu duas vezes do Fisco que levava a quantia. Declarou, no primeiro formulário, que não carregava dinheiro. No segundo, após ser flagrado com dinheiro até na cueca, alegou haver menos do que tinha. Seu advogado, Antonio Sérgio Pitombo, afirmou que só teve acesso aos autos ontem à noite. A primeira análise mostrou que “há imprecisões e incoerências que precisam ser devidamente esclarecidas”.