Após suspeita de corrupção, presidente da Interpol renuncia

da Efe, em Paris

A Interpol anunciou neste domingo a renúncia do presidente da entidade e diretor da Polícia da África do Sul, Jackie Selebi, investigado em seu país por um suposto caso de corrupção.

Em comunicado, a organização internacional de Polícia indicou que a sua Secretaria Geral recebeu hoje uma carta de Selebi na qual ele oficializa sua renúncia como presidente da Interpol, com caráter "imediato".

No documento, divulgado pela entidade, Selebi disse que renunciou por não querer que as suspeitas que pairam sobre si levem "descrédito" à organização.

No sábado, o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, anunciou que tinha aceitado o pedido de renúncia apresentado por Selebi, depois que a Procuradoria Geral disse que tinha a intenção de processá-lo por suposto crime de corrupção.

Mbeki "aceitou meu pedido de saída" para que "possa dedicar toda minha energia a limpar meu nome" destas acusações, afirmou Selebi, que aproveitou para agradecer à Secretaria Geral da Interpol e a seus Estados-membros pelo "apoio e cooperação" que lhe mostraram durante seu mandato.

Selebi chegou à presidência de Interpol --cuja sede fica na cidade francesa de Lyon-- em outubro de 2004, substituindo o espanhol Jesus Espigares Luna ao término de seu mandato de quatro anos.

O secretário-geral da Interpol, Ronald Noble, ressaltou que em seu trabalho com Selebi, "sempre" tinha visto-o "atuar para melhorar a segurança no mundo e a cooperação policial entre todos os países."

Ele destacou que todas as acusações, como as do caso de Selebi, devem ser alvo de processos "judiciais sérios e a ação penal deve ser ativada rapidamente e perante um tribunal, não a golpe de revelações e de conjeturas pela imprensa."

"A corrupção é uma das infrações mais graves das quais um funcionário de Polícia pode ser acusado e a Interpol implementou um certo número de ações importantes para ajudar os serviços encarregados de aplicar a lei em seus países-membros a investigar esta forma de crime e combatê-la", disse.

O anúncio da renúncia ocorreu apenas 24 horas depois que a Interpol indicou que discutiria o caso de Selebi em fevereiro e após considerar "inoportuno" de sua parte "comentar a investigação em andamento na África do Sul."

A Promotoria sul-africana tinha informado esta semana que pensava em processar Selebi por suposta corrupção, por ter sido vinculado a um personagem controverso na África do Sul, chamado Glen Agliotti.

Segundo os elementos que justificam essa acusação, o ex-presidente da Interpol teria recebido pagamentos no valor de 1,2 milhão de rands (US$ 171 mil) de Agliotti, supostamente para proteger suas atividades criminosas.

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