Arranhada a credibilidade do Judiciário capixaba

Roberto Almeida
São Paulo-AE

Pesquisa encomendada pela ONG Transparência Capixaba aponta que a Operação Naufrágio, da Polícia Federal, que prendeu a cúpula do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, desencadeou uma crise de confiança no Judiciário local. Em 2007, apenas 2,5% dos capixabas consideravam a Justiça como maior foco de corrupção do Estado. No fim do ano passado, a desconfiança saltou para 15,3% da população.

A pesquisa, intitulada Barômetro Capixaba de Corrupção, é realizada desde 2006. Este é o pior resultado do Judiciário do Espírito Santo. Foram realizadas 400 entrevistas entre os dias 18 e 20 de dezembro nos municípios da Grande Vitória - Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica. A margem de erro é de 4,9%.

O resultado, para o coordenador da ONG, Rafael Cláudio Simões, é reflexo da falta de uma política preventiva de combate à corrupção no Espírito Santo. Segundo ele, não há transparência, é grande o número de cargos comissionados e as políticas de ouvidoria e corregedoria são inoperantes. "E vai comprometendo a imagem dos órgãos. A pesquisa está mostrando o aumento dessa percepção negativa", afirmou.

A cúpula do Judiciário capixaba foi presa no dia 9 de dezembro por suposto esquema de venda de decisões judiciais. Na casa de um dos quatro desembargadores levados para a custódia da Polícia Federal havia R$ 500 mil em espécie. O presidente do TJ-ES, Frederico Guilherme Pimentel, e outros seis acusados foram libertados após tomada de depoimentos.

À época das prisões no Estado, os danos à imagem do tribunal levaram o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário no Espírito Santo (Sindijudiciário-ES) a literalmente lavar a calçada em frente à Corte, pedindo a redenção do "bom magistrado e bom servidor".