Corrupção preocupa toda a sociedade
Correio Popular | 1 de setembro de 2008
Uma questão que exara preocupação à sociedade é o estado de absoluta sandice do discurso moralista dos políticos, em contraste com o alto nível de corrupção que se presencia em todos os níveis, a ponto de estabelecer um padrão de desconfiança em relação à categoria, que surpreende mesmo os mais afeitos às denúncias que sempre permearam os bastidores. Na história política mais moderna, não foram poucos os que fizeram a escalada da moralidade para se elegerem, desde a “vassouras” contra a corrupção, “revolução moralista” ou o “caçador de marajás” que se revelou posteriormente um dos maiores artífices dos esquemas imorais que invadiram Brasília.
Para não fugir à regra, o Partido dos Trabalhadores do presidente Lula sempre se colocou em discursos como o paladino da ética e da moral, o que lhe valeu a oportunidade de ocupar a Presidência para mostrar seu propósito. O que decorreu é de conhecimento geral, sintetizado no episódio do mensalão que escandalizou a sociedade brasileira como nunca antes se viu, e que foi em verdade apenas a parte visível de um grande esquema de desvio de recursos públicos e aparelhamento do Estado com finalidades partidárias.
A indignação popular não é à toa. Segundo a Corregedoria Geral da União (CGU), entre 2001 e 2008 houve uma perda de R$ 3,3 bilhões, de acordo com 12 mil processos de irregularidades no uso do dinheiro público. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a economia brasileira perde cerca de R$ 10,5 bilhões por ano com corrupção.
A ferida sangrou e a sociedade cravou profunda decepção com a classe política, a ponto de recente pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi, em estudo do Centro de Referência do Interesse Público da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontar que 97% dos entrevistados acham que o problema da corrupção no Brasil é grave ou muito grave (77%). A identificação do problema com o atual governo é atestada com os 73% que acreditam que a corrupção aumentou nos últimos cinco anos.
O nível de decepção da sociedade é grande e em várias esferas. A pesquisa aponta os setores melhor ranqueados onde se acredita haver corrupção — Câmaras de vereadores, de deputados, Prefeituras, Senado, pessoas mais ricas, governos de Estado, empresários, Presidente da República, Polícias Civil e Militar. Para os entrevistados, fraudar dados para obter benefício público, parlamentares conseguirem emprego para familiares em cargos públicos e pagar suborno à polícia são os atos que mais afetam o interesse público.
A pesquisa aponta que a sociedade ansia por um novo ordenamento legal para o País: 82% acreditam que faltam novas leis para punir criminosos. É possível, mas um bom começo para exterminar esse mal da vida brasileira seria a aplicação mínima da legislação existente, sem privilégios e tergiversações. Corrupto é criminoso e lugar de criminoso é na cadeia.
Monitoramento do Pacto
A plataforma de monitoramento do pacto acompanha e orienta o cumprimento do acordo assinado pelas organizações signatárias.