Políticos defendem investigação de suposto esquema de propinas

Cláudio César de Souza
São José dos Campos

Deputados estaduais do Vale do Paraíba defenderam ontem as investigações das denúncias envolvendo a Alstom, multinacional francesa que tem uma unidade em Taubaté e que é suspeita de pagar propinas milionárias a autoridades e políticos paulistas entre 1998 e 2001 para obter contratos e aditivos.

O Ministério Público de Paris acredita que o suposto esquema pode ter movimentado US$ 20 milhões da Alstom no Brasil, na Venezuela e na Indonésia para financiar atos de corrupção.

O MP francês tem indícios de que que a multinacional teria pago mais de US$ 6 milhões como comissão para obter contratos com o Metrô, uma das companhias do governo do Estado.

A bancada do PT na Assembléia Legislativa tenta obter assinaturas para instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar o caso, que teria ocorrido durante o governo de Mário Covas (PSDB).

Já a base aliada do governador José Serra (PSDB) é acusada pelos parlamentares etistas de 'abafar' as investigações, rejeitando os requerimentos para convocação de autoridades envolvidas nas denúncias.

"Toda denúncia fundamentada como essa deve ser apurada pela Assembléia com rigor porque se trata de dinheiro público, mas sempre com serenidade. Sou contra julgar as pessoas com antecedência e sem chance de defesa", disse Carlinhos Almeida (PT), deputado de São José dos Campos e único membro da bancada do Vale que integra o grupo de oposição a Serra.

INVESTIGAÇÃO - Os deputados governistas José Afonso Lobato (PV), de Taubaté, e Mozart Russomanno (PP), de Caraguatatuba, também consideram importante a apuração das denúncias, mas negaram que haja um 'rolo compressor' para impedir as investigações.

"Não há operação abafa. O que aconteceu é que em alguns casos a oposição quer fazer barulho político e eleitoral. Mas acho importante investigar porque a Assembléia tem esse caráter", disse Lobato.

"Se me procurarem para assinar o pedido de abertura de CPI, vou me aprofundar no assunto e, se houver indícios de irregularidades cometidas pela Alstom, assinarei o documento", completou o deputado, que preside a Frente Parlamentar em Defesa do Vale do Paraíba.

FUMAÇA - A opinião foi compartilhada por Russomanno, que cumpre seu primeiro mandato como deputado estadual.

"Se há fumaça, tem que se investigar até porque esse é o papel da Assembléia."