Entrevista | Juanita Riaño Corrupção no setor privado

Joana Duarte

O Barômetro Global da Corrupção, pesquisa divulgada ontem pela Transparência Internacional, sugere que para a maioria dos mais de 73 mil entrevistados de 69 países, o setor privado está cada vez mais suscetível à corrupção. A coordenadora Juanita Riaño explica que o aumento se deve em parte à crise global, que tornou o público mais sensível e menos tolerante com a falta de responsabilidade e transparência.

Até que ponto a crise explica mais pessoas que veem o setor privado com desconfiança?

Ela é responsável por isso. Existem causas para explicar a crise, e a falta de transparência e responsabilidade evidentemente contribuíram. Pessoas estão mais sensíveis e começando a responsabilizar o setor privado.

Conclusões do relatório não mudaram muito em relação ao último Barômetro.

Infelizmente, isso é verdade. O único setor em que vimos mudanças nos resultados foi no setor privado, que piorou. Isso não significa que nossa luta esteja esmorecendo mas que mais gente se sente à vontade para falar da corrupção.

O relatório indica que jovens são mais propensos ao suborno do que os mais velhos. Por quê?

Tivemos os mesmos resultados em três anos. Uma das explicações seria o fato de os jovens terem mais contato com setores considerados corruptos, como a polícia, onde seriam grandes as chances de suborno.

Por que as mulheres são, em geral, menos subornadas?

Estudos mostram que mulheres não se arriscam tanto e têm menos contato com a polícia. Acho que pensam duas vezes antes de tomarem decisões que possam colocá-las em situação de risco.