Escândalo de corrupção põe em xeque governo do Peru

LIMA - O Peru vive um clima tenso nesta sexta-feira (10/10) com o escândalo de corrupção que ameaça o governo de Alan García por concessões para a exploração de petróleo à companhia norueguesa Discovery Petroleum.Diante da gravidade das denúncias, os ministros do gabinete do presidente pediram renúncia, liderados pelo primeiro-ministro, Jorge del Castillo, em breve comunicado à nação divulgado na quinta-feira."Rechaçamos taxativamente qualquer insinuação e não aceitamos imputações sem fundamento nem provas, baseadas somente em especulações de pessoas que não respeitam a lei", disse.O escândalo, o maior do mandato de García, que termina em 2011, pode desencadear uma crise política se ele substituir Del Castillo, o que acarretaria a demissão de todo o gabinete, de acordo com a Constituição.Pior ainda é a moção de censura que está sendo promovida contra a equipe do governo e foi anunciada pela oposição política. Esta advertiu por unanimidade que se o presidente não mudar seu gabinete, vai censurar Del Castillo e sua equipe na próxima semana.Para tentar conter esta medida, Del Castillo se apresentou surpreendentemente quinta-feira com seu gabinete à sede do Congresso, gerando um incidente com a oposição. "Viemos dar a cara ao Congresso, viemos limpar nossa honra e dar as explicações ao país", disse em clima tenso.A resposta dos legisladores da oposição, de esquerda, centro e direita, foi deixar a casa, onde estava sendo realizada uma sessão.Del Castillo é acusado de participação nas fraudes de licitação com o García Rómulo León, ex-ministro do primeiro mandato (1985-1990); e Alberto Quimper, destituído esta semana da direção da estatal Perúpetro, segundo gravações de áudio reveladas pela imprensa local. Eles estariam envolvidos na cobrança de grandes somas de dinheiro para favorecer a Discovery Petroleum.Del Castillo admitiu ter se reunido no início do ano com León e com Fortunato Canaán, representante da Discovery, dizendo que os recebeu como recebe muitos empresários estrangeiros, mas negou ter atuado em favor da companhia norueguesa.Segundo ele, sua gestão e a de seu gabinete têm sido limpas e transparentes e não podem ser manchadas pela atitude de dois ou três políticos de má-fé.