EU SEI O QUE VOCÊ NO VERÃO PASSADO
Veja | 2 de novembro de 2008
MORTO MUITO VIVO Renan Calheiros, que ainda tem ascendência sobre pelo menos dez senadores, quer retomar o papel de protagonista
Há um ano, o senador Renan Calheiros afastou-se da presidência do Congresso para salvar o mandato, ameaçado por acusações de crimes de corrupção, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, exploração de prestígio e sonegação fiscal. Contando com a conveniente falta de memória de alguns parlamentares e com a famosa vassalagem de muitos colegas de seu partido, o PMDB, Renan passou as últimas semanas em trabalho de aquecimento para, como diria o presidente Lula, botar o time em campo. Submerso desde que foi absolvido da acusação de quebra do decoro parlamentar, o senador está reorganizando sua antiga tropa de elite para tornar a fazer o que sempre fez: parasitar o governo. O primeiro alvo já está definido: Renan e sua tropa querem voltar a comandar o Congresso.
Existe um acordo entre as direções do PT e do PMDB, as duas maiores bancadas do Congresso, pelo qual esses partidos se alternam no comando da Câmara e do Senado. Hoje, os peemedebistas presidem o Senado e os petistas, a Câmara. Pela combinação, em fevereiro próximo haveria uma inversão. Renan, porém, acha que a supremacia numérica de seu partido e o bom desempenho nas urnas municipais credenciam o PMDB a comandar tanto a Câmara como o Senado, e ameaça acionar sua tropa contra o senador Tião Viana, o petista escolhido para disputar o Senado. Há quem acredite que tudo isso deriva de uma velha mágoa de Renan contra Tião Viana, nascida no episódio de seu afastamento do Senado, quando o petista assumiu interinamente o cargo. Viana não teria seguido o roteiro traçado por Renan. Mas não é só isso.
VINGANÇA E COBIÇA Tião Viana, que vai disputar a presidência do Congresso pelo PT, e o ministro da Justiça, Tarso Genro: na mira do senador alagoano
Renan Calheiros ainda tem debaixo de sua batuta pelo menos dez senadores. Mesmo transitando apenas nas sombras, ele se diz um interlocutor freqüente do presidente Lula, com quem garante ter falado duas vezes apenas no mês passado – sobre política, evidentemente. A receita do senador parece ainda eficaz. Ela funciona assim: seu partido cria dificuldades políticas para o governo e, no lance seguinte, depois de um afago, oferece uma solução. Assim, Renan está conseguindo ao mesmo tempo tirar os pés do pântano e ainda atrair oferendas federais. Renan Calheiros já anda dizendo que o partido tem todo o direito de pleitear o Ministério da Justiça, hoje ocupado pelo petista Tarso Genro. Será ele o ministro? E muita gente achava que depois de Tarso Genro não dava para piorar...
Monitoramento do Pacto
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