Ex-presidente da Samsung é condenado por sonegação, mas não será preso
Folha Online | 16 de julho de 2008
da Efe, em Seul
O empresário sul-coreano Lee Kun-hee, que durante 20 anos presidiu a maior empresa do país, a Samsung, foi condenado por sonegação fiscal, mas não será preso como ocorreu com outros grandes empresários do país ligados a supostos casos de corrupção.
O Tribunal Central do Distrito de Seul sentenciou Lee a três anos de prisão por sonegação fiscal, com suspensão de pena, e a pagar uma multa de US$ 109 milhões. O empresário renunciou a seu posto em abril, pouco após ser processado.
Lee Kun-hee foi declarado culpado de sonegar US$ 45 milhões que deveria pagar de impostos pelos US$ 4,6 bilhões que tinha escondido em contas bancárias em nome de outros executivos, mas não deverá ser preso.
"A sonegação fiscal significa burlar as obrigações de pagar impostos ao Estado e é um ato que prejudica a confiança do povo", afirmou o juiz, que condenou o empresário a três anos de prisão, mas com suspensão de pena.
Além disso, o empresário foi absolvido da acusação de prevaricação após sua tentativa de transferir o controle da empresa a seu filho, Lee Jae-yong, o que originou todo o escândalo.
O caso envolveu a Samsung, que com mais de 250 mil funcionários é responsável por mais de 20% das exportações da Coréia do Sul, na maior crise de seus 70 anos de história.
O responsável em grande parte pela ascensão da corporação --que inclui companhias de ponta como a Samsung Electronics e o estaleiro Samsung Heavy Industries-- foi Lee Kun-hee, 66, que assumiu o mandato da empresa em 1987 e que a transformou no maior conglomerado sul-coreano.
Após décadas evitando os escândalos, a queda do empresário veio em abril passado, quando, após ter sido acusado oficialmente de corrupção, evasão de impostos e prevaricação, renunciou a seu cargo de presidente.
Hoje Lee foi condenado, mas se livrou dos sete anos de prisão pedidos pela promotoria e de uma multa de US$ 350 milhões.
Este não é o único caso de um magnata sul-coreano que escapou de ser preso, apesar de ter recebido fortes sentenças associadas a supostos casos de corrupção em um país no qual o poder econômico está intimamente ligado ao político.
Em um caso semelhante, um tribunal de apelação também suspendeu no ano passado a prisão do presidente da Hyundai Motor, Chung Mong-koo, por um caso de desvio de dinheiro, ao considerar sua contribuição à economia do país.
Chung, 69, realiza apenas trabalhos comunitários apesar de ter sido condenado a três anos de prisão por desviar dinheiro ilegalmente para subornar funcionários e transferir ações de forma fraudulenta para garantir o controle da empresa.
Outro incidente semelhante aconteceu em 2006 com Park Young-sung, presidente do conglomerado Doosan, uma das 20 maiores empresas da Coréia do Sul.
Acusado de desvio de dinheiro e de fraude contábil, Park foi condenado a três anos de prisão que não teve que cumprir, pois a sentença incluía a suspensão de pena.
Além disso, Park era presidente da Federação Internacional de Judô, por isto o COI (Comitê Olímpico Internacional) o condenou a cinco anos de suspensão por violar os princípios éticos da entidade.
Também em 2007, outro grande empresário, Kim Seung-youn --presidente do grupo sul-coreano Hanwha, o nono maior do país--, escapou de ser preso graças a uma sentença de apelação que o condenou a algumas horas de serviços sociais.
Kim foi condenado por agredir, diante de um grupo de mafiosos, vários garçons em represália pela surra sofrida por seu filho em um bar.
Monitoramento do Pacto
A plataforma de monitoramento do pacto acompanha e orienta o cumprimento do acordo assinado pelas organizações signatárias.