Governo consegue bloquear mais de US$ 2 bi em contas no exterior relacionadas à Satiagraha

O Ministério da Justiça conseguiu o bloqueio de mais de US$ 2 bilhões, ou seja, R$ 4,5 bilhões, em contas bancárias mantidas no exterior e relacionadas à Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

A Operação Satiagraha ocorreu no dia 8 de julho do ano passado, contra suspeitos de corrupção e de promover lavagem de dinheiro. Entre os presos estavam o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.

Naji Nahas, Celso Pitta e Daniel Dantas foram presos durante a Operação Satiagraha, da PF
Segundo o ministério, desse montante, cerca de U$ 500 milhões resultam de cooperação do governo americano, e trata-se do maior bloqueio de recursos suspeitos de ilícitos da história do Brasil.

A pasta afirmou que o local do bloqueio e os nomes dos titulares não serão divulgados, em consequência do compromisso assumido com os países cooperantes e para não atrapalhar as investigações.

O bloqueio foi determinado por ordem judicial expedida em cooperação Jurídica Internacional. A ação foi coordenada pela Secretaria Nacional de Justiça, com a participação do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), da Justiça Federal e da Polícia Federal.

No ano passado, a Secretaria Nacional de Justiça havia conseguido bloquear US$ 46 milhões dos investigados na Operação Satiagraha. O dinheiro estava no Reino Unido. De acordo com o blog do Josias, o dinheiro seria de Dantas.

A reportagem está tentando contato com o advogado do banqueiro, Nélio Machado, para comentar o novo bloqueio.

Investigações

Segundo a PF, as investigações começaram há cerca de quatro anos, com o desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso mensalão. A partir de documentos enviados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para a Procuradoria da República no Estado de São Paulo, foi aberto um processo na 6ª Vara Criminal Federal.

Na apuração foram identificadas pessoas e empresas supostamente beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos públicos. Com base nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma organização criminosa, supostamente comandada por Daniel Dantas, envolvida com a prática de diversos crimes.

Para a prática dos delitos, o grupo teria possuído empresas de fachada. As investigações ainda descobriram que havia uma segunda organização, formada por empresários e doleiros que supostamente atuavam no mercado financeiro para lavagem de dinheiro. O segundo grupo seria comandado pelo investidor Naji Nahas.

Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização teria atuado no mercado paralelo de moedas estrangeiras. Há indícios inclusive do recebimento de informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano).

Leia mais sobre a Satiagraha