Marcos Valério começa a prestar depoimento à Justiça Federal em Belo Horizonte

da Folha Online
da Agência Folha

O publicitário Marcos Valério começou a prestar depoimento na tarde desta sexta-feira à Justiça Federal em Belo Horizonte na ação penal do mensalão --esquema que financiava parlamentares do PT e da base aliada em troca de apoio político. Apontado como o operador do esquema, o publicitário responde pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Valério presta depoimento ao juiz Alexandre Buck Medrado Sampaio, da 4ª Vara Criminal Federal de Belo Horizonte.

O processo do mensalão tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). Mas o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, determinou que os interrogatórios dos réus fossem feitos por juízes federais.

Articulação

O início da instrução do processo do mensalão evidenciou, para o Ministério Público Federal, a articulação entre as defesas dos réus. A conclusão decorre do fato de advogados dos réus não estarem fazendo perguntas que possam prejudicar a defesa de outros acusados.

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, por exemplo, tem feito perguntas a favor de todos os réus, avalia o MPF.

Nas audiências que a Folha acompanhou em Belo Horizonte, os contatos entre os advogados de defesa foram constantes. Marcelo Leonardo chegou a falar ao pé do ouvido do defensor do Banco Rural durante o interrogatório da presidente do banco, Kátia Rabello.

A demora na abertura do processo --da denúncia da Procuradoria Geral da República à conversão em ação penal pelo STF (Supremo Tribunal Federal) foram 18 meses-- e o indeferimento de pedidos de prisão preventiva de alguns réus, como Valério, foram determinantes para a articulação das defesas, na avaliação do procurador ouvido pela reportagem. As prisões costumam desestabilizar os réus psicologicamente, abrindo margem para acusações mútuas, diz o representante do MPF.

A Procuradoria avalia ainda que os réus estão se preparando bem para os interrogatórios.

Outro lado

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que a articulação entre os advogados dos réus é a "lógica natural da atuação da defesa no processo". Ele não quis comentar a avaliação do MPF de que Valério está agindo como bode expiatório. "Sobre isso não vou emitir opinião antes de ele prestar declarações", afirmou o criminalista.

Ele também preferiu não falar sobre as perguntas que fez durante o interrogatório de Delúbio Soares.