Movimento cobre renúncia de Sarney em meio a pizzas de jabá e marmelada
UOL Notícias | 20 de julho de 2009
Com "cobertura de jabá e delicados toques de jerimum", pizzas em homenagem ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), serão servidas na noite desta segunda-feira (20) em um restaurante do centro de São Paulo por um movimento que quer sua renúncia do cargo. Para os estômagos menos tolerantes, há a opção "com leve cobertura de marmelada e base em delicioso queijo suíço (cheio de rombos)".
O ato-jantar é uma variante daquilo que o mesmo grupo, formado por entidades empresariais e da sociedade civil, fez para constranger os senadores a afastarem o então presidente da Casa, Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), em meio ao escândalo da violação das votações. Cada um deles recebeu uma pizza - foram 81 no total - por conta da demora no processo.
"Quarenta e oito horas depois ele renunciou", disse Percival Maricato, 1º coordenador-geral do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) e integrante da organização do evento, ao*UOL Notícias*. "Não sei se vamos ter o mesmo impacto agora, mas decidimos que vamos brigar até onde for possível para derrubar o Sarney, pedir o afastamento dele e de toda a Mesa do Senado."
O protesto terá apoio de pelo menos mais dez entidades, entre as quais o ICDE (Instituto de Combate à Fraude e Defesa da Concorrência) e o site Brasil sem Corrupção. Juristas importantes como Dalmo Dallari, Fabio Konder Comparato e José Gregori, segundo Maricato, contribuirão com ideias para dar sustentação aos protestos por uma ampla reforma política.
"Há indignação da sociedade em relação ao que acontece no Senado, mas ela está inerte. O mesmo vale para muitas entidades de classe, para o Ministério Público. Nos últimos anos foram vários presidentes do Senado nessa situação e não conseguimos defender nossas instituições democráticas ao ponto de isso parar de se repetir", disse ele, que preferiu não informar a qual partido é filiado. "O movimento é suprapartidário, não é de oposição nem é governista. É pela ética."
*Nada de Cansei*
Perguntado sobre se teme comparações com outros movimentos como o Cansei, também articulado por representantes do empresariado após o acidente com um avião da TAM em São Paulo, causando a morte de 199 pessoas, Maricato afirmou que o propósito dos dois é "completamente diferente".
"Aquele movimento (Cansei) era visivelmente de oposição ao governo. Tinha coloração política. Não queremos ser confundidos com nada disso. Até porque não queremos só a saída do Sarney, também queremos a saída do vice (Marconi Perillo, do PSDB). Se ele tiver esse gesto de patriotismo, vai tirar a desculpa do PT de que o Sarney garante a governabilidade. Se ele sair, podemos recomeçar melhor."
Enquanto não atinge o objetivo, o movimento articula conversas com os senadores para que eles prestem contas do que estão fazendo para resolver a crise na qual a Casa mergulhou após uma série de denúncias envolvendo passagens aéreas gratuitas, contratação de parentes e uso de celulares por familiares dos parlamentares.
Além do jantar, serão servidas as cachaças "Reserva do Senador" e "Vamos Nessa". Os manifestantes pagarão R$ 28 pelo protesto gastronômico no centro de São Paulo, que incluirá pizzas, água, cerveja e refrigerantes e serviço.
"Como temos limites financeiros e não podemos aumentar nossa receita metendo a mão nas receitas da Viúva (Tesouro Nacional), por atos secretos ou girando a maquininha da Casa da Moeda, cada um paga parte da conta", afirmou o membro da coordenação do movimento.
Monitoramento do Pacto
A plataforma de monitoramento do pacto acompanha e orienta o cumprimento do acordo assinado pelas organizações signatárias.