Nahas apelou para doleiros

Com as contas bloqueadas desde março, por ordem judicial, o investidor Naji Nahas cercou-se de um grupo de doleiros para realizar operações financeiras, pagar suas despesas com dinheiro vivo e repassar valores a seu parceiro, o ex-prefeito Celso Pitta.

"No curso do monitoramento telefônico de Naji Robert Nahas, ficou evidenciado que a partir do bloqueio de suas contas correntes e as de seus filhos (Fernando e Robert), no final de março deste ano, as despesas por eles realizadas teriam passado a ser feitas em espécie, utilizando-se também de doleiros para a obtenção de moedas", assinala a Polícia Federal.

Pelo menos cinco doleiros são alvos da PF. Um deles, Carmine Enrique, caiu no grampo da Operação Satiagraha. Diálogos interceptados pela polícia no escritório de Enrique levaram Pitta para a cadeia. Ele recebia ligações freqüentes do ex-prefeito, que solicitava valores em espécie.

A PF enquadrou Enrique por suposto envolvimento em esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. Seu filho, Carmine Henrique, também teria participação na trama, acusado de trabalhar sob as ordens de Naji Nahas para repassar valores ao ex-prefeito.

Os outros doleiros estavam a serviço exclusivo de Nahas: Lúcio Bolonha Funaro, o Maluquinho, Miguel Jurno Neto e Marco Ernesto Matalon, o Velho.

Funaro é apontado como o "doleiro do mensalão" por sua ligação com Marcos Valério, considerado o principal operador do esquema de pagamentos a parlamentares da base aliada do governo Lula. Foi sócio da Guaranhuns Empreendimentos e Participações S/C Ltda., pela qual teria transitado dinheiro do valerioduto, e seria um dos fornecedores de recursos para Nahas, assim como Jurno.

Nahas se julga vítima de uma grande injustiça. "Não havia motivo para tamanha violência", protestou o criminalista Sérgio Rosenthal, advogado do investidor. "Ele (Nahas) jamais se furtou a prestar qualquer esclarecimento. Se tivesse sido chamado para depor, imediatamente atenderia. Nahas quer ser ouvido o quanto antes, para responder a todas as indagações, mesmo porque não praticou nenhum ato ilícito."