Novas denúncias envolvem o governo sul-coreano

Novas denúncias envolvem o governo   
     
Choe Sang-Hun The New York Times

Um escândalo de corrupção na Samsung, denunciado ontem, atingiu também o governo do presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, depois que seu chefe de Inteligência e um alto oficial anti-corrupção enfrentaram acusações de terem recebido suborno da empresa. Apesar de a Samsung e assessores de Lee negarem as acusações, as suspeitas de irregularidades no centro da política da Coréia do Sul causaram graves problemas a Lee, empossado em fevereiro.

Os sul-coreanos elegeram o presidente graças às suas promessas de acelerar o crescimento econômico, mas o ex-homem de negócios que virou político tem sido freqüentemente atacado por alegações de que seus auxiliares têm condutas consideradas antiéticas.

Três membros do gabinete presidencial nomeados por Lee foram forçados a renunciar em meio a acusações de corrupção. As denúncias de ontem, vindas de um ex-executivo da Samsung e de um grupo de padres católicos, ajudaram a prejudicar ainda mais a reputação do novo governo.

- Pessoas que têm vínculo com a Samsung e que freqüentemente aceitam suborno da empresa ganharam postos chave no governo - revelou o reverendo Jeon Jong-hun, representante da Associação de Padres Católicos para a Justiça, durante uma conferência transmitida pela TV. - É como chamar o diabo para dentro de casa.

Ele se referia a Lee Jong-chan, o auxiliar mais importante da Presidência para o combate à corrupção, e a Kim Seong-ho, escolhido por Lee para chefiar o Serviço Nacional de Inteligência.

Kim deverá ser ouvido pela Assembléia Nacional, onde legisladores de oposição focam suas atenções nos escândalos envolvendo os auxiliares do presidente para ganhar pontos visando as próximas eleições parlamentares de abril.

O grupo católico, que já liderou um movimento nacional pró-democracia na época em que o país vivia uma ditadura militar, falou em nome de Kim Yong-chul, ex-conselheiro da Samsung.

Desde o ano passado, Kim, que trabalhou na Samsung por sete anos até 2004, tem acusado a empresa de manter uma vasta rede de corrupção que envolveria o Executivo e o Judiciário, além da mídia sul-coreana. O próprio Kim admitiu ter subornado membros do Judiciário, incluindo o chefe, Lee Kun-hee.

- Quem faz acusações tem que comprova-las - disse um porta-voz da Presidência, que criticou Kim e os padres católicos por não terem apresentado provas ontem. - É como se alguém chamasse o outro de maluco e esse outro tivesse que provar não ser maluco.


 oposicionista Partido da União Democrática disse que as acusações revelam falhas na capacidade de o presidente checar os antecedentes de quem ele indica.