O 5º pior na lista da propina
Correio Braziliense | 10 de dezembro de 2008
No Brasil, os partidos políticos são os mais expostos à corrupção, conforme levantamento da organização não-governamental (ONG) Transparência Internacional.O quadro partidário foi a instituição brasileira a receber a pior nota dos executivos entrevistados pela organização. Em seguida, vieram a polícia e o Congresso. O país ficou com a quinta pior posição em um ranking de 22 nações sobre empresas que pagam propina ao fazer negócios no exterior, divulgado ontem pela entidade.
A pesquisa foi baseada em entrevistas com 2.742 executivos experientes e conduzidas entre 5 de agosto e 29 de outubro. Ela classifica os países em uma escala de 0 a 10. Quanto maior o escore, menor a tendência de as companhias do país praticarem a propina. O Brasil obteve nota 7,4, empatado com a Itália.
Os 22 países analisados no levantamento respondem por 75% do fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) e das exportações globais. O relatório de corrupção anterior da Transparência Internacional foi publicado em outubro de 2006. Na ocasião, o país ficou em 23º lugar entre 30 nações avaliadas. Dos executivos entrevistados para o levantamento, 21% apontam que as empresas brasileiras subornam funcionários públicos para apressar procedimentos.
O segundo tipo mais praticado pelas companhias do país é o uso de relações pessoais ou familiares para conseguir contratos públicos — 18% dos executivos citaram essa prática. Outros 17% disseram que as empresas subornam políticos de nível mais elevado para fazer negócios. A maioria dos entrevistados (51%) diz que o governo brasileiro é “muito ineficaz” para combater a corrupção. Outros 22% afirmam que o governo é “ineficaz”. Apenas 3% avaliam que a luta contra as práticas é eficaz no país.
Menos corruptos
A Bélgica e o Canadá são os países onde existe menos probabilidade de ocorrer corrupção nos negócios corporativos internacionais, de acordo com o levantamento. Os dois países receberam as maiores notas, ambos com 8,8. Em seguida ficaram a Holanda e a Suíça, também empatados, com 8,7.
A Transparência Internacional destaca, porém, o fato de nenhum país ter conseguido a nota máxima (10) no relatório. “Isso significa que todas as economias mais influentes do mundo são vistas, em algum grau, exportando corrupção”, diz o documento. Por exemplo, 10% dos entrevistados afirmaram que as empresas canadenses usam relações pessoais ou familiares para conseguir vantagens quando operam no exterior.
Além disso, 16% disseram que as companhias da Bélgica usam freqüentemente esse tipo de relacionamento para conseguir contratos públicos. De forma geral, dois terços dos entrevistados apontaram que os governos são ineficazes na luta contra a corrupção. “Esse resultado mostra que representantes seniores da comunidade corporativa em muitos países não sentem que os governos estão lidando adequadamente com a questão”, diz o relatório.
Pouco conhecimento
A Transparência Internacional também mostrou que há pouco conhecimento sobre a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) contra a corrupção, adotada em dezembro de 1997. A entidade vê com “surpresa e preocupação” que 75% dos executivos entrevistados indicaram que não estão familiarizados com os termos da convenção.
Em São Paulo, o diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, afirmou ontem que o combate à corrupção no Brasil teve avanços significativos na esfera federal. De acordo com ele, Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Justiça têm sido ativas no combate às irregularidades com dinheiro público. A exceção seria o Poder Legislativo. “O Legislativo é a desgraça que a gente conhece. Não acontece nada ali”, afirmou, após participar de evento do Dia Internacional Contra a Corrupção, na capital paulista.
Monitoramento do Pacto
A plataforma de monitoramento do pacto acompanha e orienta o cumprimento do acordo assinado pelas organizações signatárias.