Operação Titanic - entenda o caso

Mais seis suspeitos de sonegação saem da cadeia
Rachel Silva
rsilva@redegazeta.com.br

Sete dos 23 presos durante a Operação Titanic já estão em liberdade. Na tarde de ontem, o juiz substituto da primeira vara federal criminal deferiu o pedido de revogação das prisões temporárias de Maurenice Gonzaga de Oliveira, Moacir Alves da Silva, Fabiano Fonseca Furtado Mendonça e das três pessoas presas em São Paulo: o empresário Eduardo Sayegh, o doleiro Jorge de Oliveira e Orozimbo Antonio de Freitas (cuja participação no esquema ainda não foi divulgada pela polícia).

A primeira a sair da carceragem da Polícia Federal, em São Torquato, foi a co ntadora Aldeni Avelar Portela Silva, grávida de oito meses. Ela foi libertada na quarta-feira, dia em que nove outros pedidos de revogação de prisão foram encaminhados à Justiça.

Também foi pedida a revogação das prisões temporárias de Adriano Scopel, Fernando Silva do Couto, Alessandro Stockl, Ivo Cassol Júnior e Alessandro Cassol Zabot mas, até o fechamento desta edição, a Justiça ainda não havia se pronunciado a respeito.

O advogado do empresário e ex-suplente de senador Mário Calixto Filho (único entre os detidos a ter a prisão preventiva decretada) encaminhou, na última quarta-feira, pedido de habeas corpus ao Tribunal Regional Federal, no Rio de Janeiro – e também aguarda por uma decisão.

O capixaba Antônio Cláudio Diniz Oliveira Santos, conhecido como “Baducho”, mora nos Estados Unidos e é o único que continua foragido. Mesmo assim, a Justiça Federal já recebeu um pedido para a revogação de sua prisão temporária.

Sonegação
A operação Titanic, deflagrada na última segunda-feira, resultou na prisão de 23 pessoas em três Estados (Espírito Santo, Rondônia e São Paulo). Elas são acusadas de participar de um esquema de sonegação fiscal, tráfico de influência e corrupção de servidores públicos que resultou em prejuízos de cerca de R$ 7 milhões aos cofres públicos, somente no ano passado.

De acordo com as investigações, o esquema era comandado por Adriano Mariano Scopel e por seu pai, Pedro Scopel, que importavam dos Estados Unidos, Alemanha e Canadá carros, motos e produtos eletroeletrônicos subfaturados, com a conivência de auditores fiscais da Receita Federal.

Delegado quer investigar contrato com Codesa

O delegado da Polícia Federal, Honazi de Paula Faria, que responde pela Operação Titanic, defendeu, ontem, a investigação do contrato de concessão entre a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) e a arrendatária do terminal de Peiú, em Vila Velha. O dono da empresa é Pedro Scopel, um dos presos na operação.

“Como Pedro Scopel era quem explorava o cais de Peiú, Berço 206, é evidente que no curso das investigações nós teremos que solicitar à Codesa que nos envie esse contrato para verificarmos se existe ou não algum indício de ilicitude. Havendo algum indício de ilicitude, nós instauraremos inquérito para verificar melhor os fatos”, frisou. O delegado disse que a investigação do contrato será em uma próxima etapa.

A Codesa não vai se pronunciar sobre as afirmações do delegado. A direção da empresa informou que pretende colaborar com a polícia e esclareceu que Peiú foi a primeira concessão de um porto público para o setor privado, há dez anos. O contrato é de 25 anos.

Para entender o caso

Operação Titanic. Entre segunda e quarta-feira, 23 pessoas foram presas em três Estados, acusadas de participar de um esquema de sonegação fiscal, tráfico de influência e corrupção de servidores públicos que resultou em prejuízos de cerca de R$ 7 milhões aos cofres públicos somente no ano passado.

Como funcionava. De acordo com as investigações, o esquema era comandado por Adriano Mariano Scopel e seu pai, Pedro Scopel, que importavam dos Estados Unidos, Alemanha e Canadá carros, motos e produtos eletroeletrônicos subfaturados com a conivência de auditores fiscais da Receita Federal.

Já foram soltos. Aldeni Avelar Portela Silva, Maurenice Gonzaga de Oliveira, Moacir Alves da Silva, Fabiano Fonseca Furtado Mendonça, Eduardo Sayegh, Jorge de Oliveira e Orozimbo Antônio de Freitas.

Continuam presos. Adriano Mariano Scopel, Pedro Scopel, Aguilar de Jesus Bourguignon, Rodolfo Bergo Legnaioli, Fernando Silva do Couto, Max Pimentel de Almeida Marçal, Alessandro Stockl, Alberto Oliveira da Silva, Edcarlos Tibúrcio, Ronaldo Benevídio dos Santos, Rogério Moreira, Alessandro Cassol Zabott, Mário Calixto Filho e Ivo Júnior Cassol.

Está foragido. O capixaba Antônio Cláudio Diniz Oliveira Santos, o “Baducho”, que vive nos Estados Unidos e também teve sua prisão temporária decretada.

Acusações. A quadrilha será acusada de corrupção de servidores públicos, contabilidade fictícia, inserção de informações falsas em contratos de câmbio para promover evasão de divisas, descaminho, lavagem de bens e capitais, tráfico de influência, falsidade ideológica e formação de quadrilha.