PF faz busca e apreensão. Na casa de delegado da PF

Mentor da Satiagraha, operação que investiga o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity em suposto esquema de lavagem de dinheiro e fraudes fiscais, o delegado Protógenes Queiroz virou alvo da Polícia Federal, corporação que integra há nove anos. Às 6h, ele foi despertado por equipe de agentes e delegados federais, munidos de mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

Os policiais vasculharam o apartamento do Shelton Hotel, no centro - endereço paulistano de Protógenes, que mora em Brasília. A PF levou o computador pessoal do delegado, além de seu rádio e celular.

“Em toda minha vida, nunca havia sido submetido a tamanha humilhação e constrangimento”, reagiu Protógenes, que atribuiu a ação policial a Dantas. “Não tenho dúvida e isso, mais tarde, vai ser revelado.” O delegado qualificou de “trama” a busca e disse que o fato está relacionado ao julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do mérito dos habeas corpus que libertaram Dantas da prisão. O julgamento está marcado para hoje.

“Isso ocorre mais uma vez para desfocar o trabalho principal da PF. O alvo principal é Daniel Dantas, processado criminalmente por corrupção. Não tenho dúvidas de que ele será condenado à altura do que a sociedade merece. Lugar de bandido é na cadeia”, declarou.

Dia 16 de julho, Protógenes foi afastado da Satiagraha. No dia seguinte, Dantas virou réu em processo criminal por tentativa de suborno. Citando o banqueiro, foi enfático: “A ditadura da corrupção implantada no País vai acabar. No País não tem mais analfabeto. Pode ter analfabeto de letras, de assinar o nome, mas analfabeto político, de saber o que é certo e o que é errado, não existe mais. Vai chegar a hora em que a população vai cobrar a punição para esses criminosos.”

A PF fez blitz em outros dois endereços de Protógenes: em Brasília e no Rio, onde mora seu filho Felipe, de 21 anos. Nesses locais foram recolhidos pertences e equipamentos do delegado, alvo de inquérito que apura vazamento de informações sigilosas da operação e suspeita de grampos ilegais.


VAIVÉM JUDICIAL


Em 8 de julho, a Operação Satiagraha prendeu Daniel Dantas, o ex-prefeito Celso Pitta e mais 15.

Dia 10, Gilmar Mendes, presidente do STF, soltou Dantas, que voltou à carceragem da PF, por decisão do juiz Fausto De Sanctis.

Mendes deu novo habeas corpus, libertando Dantas, e acusou Sanctis de ‘desobediência’. Juízes lançaram manifesto de apoio a Sanctis.