PF revela rede de corrupção em porto de Vitória

A Operação Titanic, deflagrada em Vitória pela Polícia Federal e a Procuradoria da República, além de desvendar um suposto esquema de importações subfaturadas comandado pelos empresários Pedro e Adriano Scopel, por meio da Tag Exportação e Importação de Veículos, acabou descobrindo o que pode ser uma grande teia de favorecimentos por parte de fiscais alfandegários no porto da capital capixaba.

Na segunda-feira, três auditores estavam entre os 22 presos, sendo dois do Espírito Santo e um de Rondônia. Mas, na manifestação do Ministério Público ao juiz Pablo Coelho Charles Gomes, da 1ª Vara Federal Criminal de Vitória, outros cinco auditores da Alfândega capixaba foram colocados sob suspeita.

Na sua decisão de mais de 70 páginas, o juiz Gomes relata que um auditor do porto de Paul, onde funciona o terminal da Peiú, empresa dos Scopel, teve as prestações do consórcio da sua moto Honda - no valor de R$ 21.849 - pagas pela TAG. A mulher dele, também auditora, possuía, em 2006, aplicações financeiras no valor de R$ 1,56 milhão, que não declarou no seu Imposto de Renda.

Outro auditor, Mário Lúcio de Amorim Coelho, continua em atividade também no porto de Peiú, mesmo respondendo a um processo criminal por "usurpação de função pública" e tendo sido indiciado em outro inquérito por facilitação de contrabando beneficiando a empresa de outro suspeito na Operação Titanic, o empresário Antônio Cláudio Diniz Oliveira dos Santos.

Coelho também foi descoberto como portador de "dois CPFs distintos junto ao órgão que serve, ambos regulares e com endereços e títulos de eleitor diferentes", como destacou o juiz.

Ontem, Coelho disse que só soube da duplicidade do documento ao ler a decisão do juiz. "Se alguém usou meu nome para fazer dois CPFs, quem tem que explicar é quem trabalha no cadastro da Receita, ao qual não tenho acesso." Quanto às suspeitas do seu envolvimento em crimes,Coelho disse ser perseguido pelo delegado da Polícia Federal Daniel Veras. "Ele queria me levar na marra, mesmo sem mandado, ia alegar um desacato para me levar preso."

O Estado tentou ouvir os demais auditores, mas eles não estavam na Alfândega. A Receita Federal informou que sua Corregedoria Geral avaliaria, por meio de sindicâncias, eventuais irregularidades cometidas por servidores.

FISCAL

A PF prendeu ontem à tarde o 24º suspeito de envolvimento no esquema de importações subfaturadas da TAG. Um fiscal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi preso quando deixava o escritório de seu advogado, em Guarapari, litoral do Espírito Santo.

Segundo as investigações, o fiscal recebia propinas para legalizar a importação de anabolizantes pelos Scopel.

Apenas um mandado de prisão da Operação Titanic não foi cumprido ainda - contra o empresário Antonio Claudio Diniz de Oliveira Santos, mais conhecido como Baducho. Ele está nos Estados Unidos.

Ontem, o juiz revogou a prisão de uma contadora por ela se encontrar no oitavo mês de gravidez.
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