PSDB quer ouvir Dantas e Gushiken na CPI dos Grampos
O Estado de S. Paulo | 9 de julho de 2008
O PSDB começou a se mobilizar para levar o escândalo da Operação Satiagraha para o Congresso e para mais perto do governo. Os deputados tucanos que integram a CPI dos Grampos têm prontos requerimentos para a convocação do banqueiro Daniel Dantas e do investidor Naji Nahas.
Um terceiro requerimento pede a convocação do ex-ministro Luiz Gushiken, que, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agiu para evitar aproximação de Dantas com o governo. O banqueiro disputava com fundos de pensão, ligados a Gushiken, o controle da Brasil Telecom.
Como a convocação, para ser aprovada, tem de estar relacionada com o objeto da CPI, a saída encontrada é questionar Dantas sobre a contratação da Kroll, líder mundial entre as empresas de investigação, pela Brasil Telecom. A Kroll é suspeita de, a mando da Brasil Telecom, ter grampeado integrantes do governo. O objetivo do banqueiro seria achar elementos contra executivos da Telecom Itália, sua antiga aliada e depois adversária comercial.
Em depoimento à CPI dos Grampos, anteontem, o diretor-executivo da Kroll no Brasil, Eduardo Gomide, negou que a empresa tenha feito escutas telefônicas ou monitorado autoridades. O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), no entanto, não ficou satisfeito e disse que o requerimento de convocação de Dantas "deverá ser aprovado".
A articulação para convocar os suspeitos de corrupção, lavagem e remessas ilegais de dinheiro é liderada pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que assumiu vaga de suplente na CPI. Fruet integrou a CPI dos Correios, que investigou o mensalão - pagamento de propina a parlamentares da base de Lula. Segundo o tucano, a CPI dos Correios encontrou elementos de que as empresas do Banco Opportunity, de Dantas, abasteciam os cofres do valerioduto, como ficou conhecido o esquema de arrecadação e distribuição de dinheiro comandado pelo publicitário Marcos Valério.
A justificativa para a convocação de Nahas na CPI dos Grampos é sua ligação com a Telecom Itália. Nahas diz ter atuado como consultor do grupo italiano, trabalho pelo qual teria recebido R$ 3 milhões.
Em 2007, a revista italiana Panorama publicou reportagem na qual o ex-diretor da Telecom Itália Giuliano Tavaroli diz que a empresa pagou propina a deputados integrantes da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara para aprovar projetos de seu interesse no Brasil. Como Tavaroli cumpriu pena na Itália sob acusação de corrupção e de ter espionado adversários da Telecom Itália no Brasil, a CPI dos Grampos poderá investigar a participação de Nahas na espionagem.
Os tucanos querem retomar a investigação sobre o suposto pagamento de propina a integrantes da Comissão de Ciência e Tecnologia e apurar o destino do dinheiro recebido pelo investidor. Já Gushiken pode ser convocado como suposta vítima da espionagem da Kroll.
Para Itagiba, se houver quórum, ele presidirá reunião da CPI dos Grampos na próxima semana para que sejam votados os requerimentos e marcados os depoimentos. O mais provável é que, se convocados, Dantas, Nahas e Gushiken deponham só em agosto.
Em outra frente de atuação do PSDB, o deputado Júlio Semeghini (PSDB-SP), presidente da Subcomissão de Telecomunicações da Comissão de Ciência e Tecnologia, apresentará na próxima quarta-feira proposta de retomada do caso do suposto pagamento de propina a integrantes da comissão.
10/07/08
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