Ranking de abertura comercial global põe Brasil na 87ª posição

Classificação do Fórum Econômico Mundial considera o País um dos mais protecionistas


O Fórum Econômico Mundial classifica o Brasil como um dos países mais fechados do mundo para o comércio internacional. Ocupa a 87ª posição no ranking de viabilidade comercial divulgado ontem, em Genebra. O levantamento analisou 121 países. "O nível de proteção no Brasil continua relativamente elevado, em particular para os produtos agrícolas", diz a entidade.

Na América Latina, o País está atrás do Chile (19ª), Costa Rica (43ª) e México (74ª), mas supera a Argentina (97ª). Entre os Brics, perde para a China (49ª) e a Índia (76ª) e fica à frente da Rússia (109ª).

Pesaram contra o Brasil aspectos como barreiras tarifárias, elevados encargos alfandegários, a má qualidade das estradas, a corrupção e a ineficiência do governo. As melhores notas foram obtidas pela rede de telecomunicações e serviços relacionados ao embarque de mercadorias, como a competência logística.

O Fórum acredita que o comércio global passa por um momento importante, já que a retração econômica provoca queda nos volumes ainda mais forte do que a da Grande Depressão. "O desafio hoje é garantir que os países não piorem a situação, restringindo o comércio", dizem os autores do estudo, Robert Lawrence e Albert L. Williams, em comunicado. "Quanto maior for a promoção do comércio além das fronteiras, menores serão os efeitos da crise global."

Cingapura foi considerada a economia mais aberta. Em seguida estão Hong Kong, Suíça, Dinamarca, Suécia, Canadá, Noruega, Finlândia, Áustria e Holanda. Os Estados Unidos ocupam o 16º lugar.

"Os resultados mostram a política de abertura de Hong Kong e Cingapura ao comércio e ao investimento internacional como parte de suas estratégias bem sucedidas de desenvolvimento econômico", avalia o Fórum.

Esta é a segunda edição do ranking. No ano passado, foram analisados 118 países e o Brasil foi o 80º colocado. No entanto, os resultados não são comparáveis porque foram feitos ajustes na metodologia.

PACOTES

Os pacotes de estímulo econômico adotados pelos governos mundo afora podem acabar levando ao protecionismo, alerta o Fórum. "Com o crescente envolvimento do dinheiro público, se torna mais difícil agir de forma não discriminatória em relação às empresas e produtos estrangeiros", diz relatório.

Segundo a entidade, acaba parecendo natural, por exemplo, buscar garantir benefícios locais, já que o dinheiro dos contribuintes está sendo gasto. "No entanto, essa atitude prejudica os estrangeiros que dependem de mercados abertos para seu sustento."

O Fórum lembra que setores com problemas estão recebendo grandes subsídios. Conforme a Organização Mundial do Comércio (OMC), 12 países ajudaram suas indústrias automotivas. "Brasil, França e Estados Unidos distribuíram empréstimos generosos", diz a entidade, apontando ainda que a Índia impôs licença de importação para alguns produtos e a Argentina fixou preços para a compra de peças estrangeiras.

Para o Fórum, é improvável que a resposta pública à crise ganhe contornos como os verificados em 1930, quando os Estados Unidos elevaram tarifas de importação em 47%. "Entretanto, a situação atual traz perigo para o sistema aberto de comércio." O risco vem de medidas que individualmente parecem menores, mas com impacto cumulativo prejudicial, acrescenta a entidade.

"Há um considerável espaço para aumentar a proteção sem tecnicamente quebrar regras da OMC ou violar os acordos internacionais." O Fórum lembra que alguns países, como a Rússia, não fazem parte da OMC e outros, mesmo sendo membros, não assinaram todos os acordos do órgão multilateral.

Mesmo tendo se comprometido a não repetir os erros de protecionismo do passado, 17 países do G-20 adotaram medidas para inibir o comércio, conforme levantamento do Banco Mundial. Entre elas, está a cláusula Buy American" existente no pacote de estímulo dos EUA.

Em contrapartida, o Fórum vê situações onde o protecionismo foi evitado. "Autoridades no Brasil, por exemplo, derrubaram os planos de programa de licenças para importações antiquado, numa resposta de resistência ao setor privado."