Rússia: vulnerável e sem transparência

29 de Setembro de 2008 - A crise vai pegar a Rússia. "Não é que vai deixar de ser economia emergente, mas, dos países que compõem o Bric, será o que mais sentirá os efeitos do furacão", diz o professor Albert Fishlow, da Universidade de Columbia, que aponta a dependência em relação aos preços do petróleo - principal produto do país - como o ponto fraco russo. Mas as vulnerabilidades do país podem ser mais ampliadas.
"Onde está a indústria russa? Ainda por acontecer", diz Ernesto Lozardo, professor da FGV-SP.
Outra deficiência que compromete o bom desempenho face às exigências da crise é a corrupção no setor público. "O desempenho da Rússia era animador entre os seus pares do Bric, mas o sistema financeiro segue sem conseguir promover a transparência", diz Marco Antonio Silva , professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
"A Rússia vive das exportações do petróleo e do gás, que vão especialmente para a Alemanha. O país aposta alto no petróleo e deve perder dinheiro agora, com a desaceleração da economia", diz Marcos Fernandes, professor da FGV.
A julgar pela Bolsa russa, a conjuntura está mesmo difícil. Nos últimos dias, as operações na Russian Trading System (RTS), principal mercado acionário, foram suspensas e retomadas continuamente, devido às agudas oscilações dos papéis. O índice Micex, que tem peso maior nas commodities, foi paralisado em várias oportunidades. O mercado só pareceu mais animado depois que o governo anunciou a injeção € 13,8 bilhões na bolsa. Analistas concordam que é a pior crise financeira do país desde 1998. "Além das questões financeiras, o país está fragilizado politicamente. A cena política já era ruim com os conflitos no alto escalão do governo e pioraram com a invasão da Geórgia", diz Frederico Turolla, professor da ESPM.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(L.R.)