Seguranças da família de Lula usam cartão para montar academia

São Bernardo do Campo – Os seguranças encarregados de proteger a família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo, no ABC paulista, montaram uma academia de ginástica usando cartões corporativos do governo. Segundo funcionários da loja A Elite, no centro de São Bernardo, um grupo de agentes que se apresentavam como seguranças da família do presidente foi ao local no ano passado para comprar halteres. “Eles disseram que era para montar uma academia no escritório de São Bernardo”, disse um vendedor.

Os seguranças da família do presidente gastaram 800 reais em anilhas e barras para halteres. A despesa foi paga com o cartão corporativo em nome de Luiz Gonzaga Aragão. O montante é suficiente para comprar 200 quilos de anilhas (R$ 3,90 o kg) ou dez barras (80 reais cada).

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Aragão gastou R$ 3.450,00 com uma esteira ergométrica. A despesa também foi paga com cartão corporativo. No total, os seguranças da família de Lula gastaram R$ 149 mil com cartões corporativos nos últimos três anos no ABC.

A maior parte dos gastos foi com combustível, material de escritório, manutenção da frota, obras no escritório. Entre os registrados em nome da segurança da Presidência em São Bernardo estão duas despesas que somam 960 reais na Churrascaria do Vavá, em Santo André. Em um bairro pobre da cidade, a churrascaria estava fechada ontem, mas, segundo a vizinhança, uma refeição custa em média 20 reais no local. A chefia dos seguranças foi procurada ontem, mas não foi localizada.

Exterior
O mais novo escândalo do governo Lula já tem repercussão no exterior. Em sua edição impressa de ontem, o El País, da Espanha, disse que “o fantasma da corrupção” voltou a assombrar o governo. O jornal diz que o envolvimento de ministros e assessores no caso dos gastos nos cartões de crédito corporativo está causando “pânico na Presidência da República”. O La Nación, da Argentina, afirma que a crise está respingando em pessoas próximas ao presidente Lula.

O El País lembra que o escândalo já fez a primeira vítima, a ex-ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria de Igualdade Racial. O jornal destaca que ela assumiu ter usado o cartão corporativo para fazer compras num free shop e ainda para o aluguel de veículos, alegando erros administrativos.

Os dois jornais citam os gastos da segurança de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Lula. O La Nación repercutiu ainda a reação da oposição, que ameaça criar uma CPI. (Agência O Globo)