Senado gasta R$ 208 mil com telefones
Diário do Povo do Piauí - PI | 27 de junho de 2009
Brasília - O Senado não vai modificar a atual sistemática de reembolso dos gastos telefônicos dos parlamentares mesmo após denúncia de que, nos últimos 30 meses, a instituição gastou mais de R$ 208 mil em telefonemas realizados pelos senadores em suas residências ---fora da Casa. O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), disse ontem (26) que a cota telefônica não pode ser revista porque os senadores precisam dos telefones em suas residências para trabalhar. "As contas [telefônicas] foram aprovadas pela Mesa Diretora e pelo TCU. Não existe nada de irregular no uso do telefone pelos senadores.
O que passa cota permitida, eles pagam do próprio bolso", disse Heráclito. Reportagem publicada no jornal "Correio Braziliense" afirma que o Senado reembolsou 21 parlamentares das despesas com os telefones residenciais.
O levantamento tem como base ordens bancárias emitidas pela Casa nos últimos 30 meses que tiveram os parlamentares como beneficiários. A ex-senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) foi quem mais teve gastos reembolsados pela instituição, no total de R$ 25 mil. Na sequência aparecem os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), com R$ 18,3 mil, Epitácio Cafeteira (PTB-), R$ 16,3 mil, e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), com R$ 15,3 mil.
Federal vai investigar neto de Sarney
Brasília (AE) - A PF vai buscar indícios de tráfico de influência e corrupção nas operações, no Senado, da empresa do neto do presidente da Casa, José Sarney. A empresa Sarcris Consultoria, Serviços e Participações Ltda, registrada em nome de José Adriano Cordeiro Sarney, 29 anos, faz intermediação de empréstimo consignado a servidores do Senado desde 2007.
O surgimento da empresa Sarcris despertou atenção dos investigadores. O negócio dos créditos consignados no Senado já estava sob a lupa da PF desde a revelação de que grandes bancos pagaram cifras milionárias a empresas ligadas a familiares do ex-diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi.A polícia suspeita que empresas de intermediação de crédito, como as de José Adriano Sarney e dos parentes de Zoghbi, dividiam os espaços do ramo dentro do Senado, numa espécie de loteamento dos empréstimos dos servidores. De acordo com uma fonte da PF diretamente ligada às investigações do tema, há possibilidade de abertura de um inquérito exclusivo para o caso do neto de Sarney.
Gastos com verba indenizatória
Os gastos detalhados dos senadores com a verba indenizatória mostram que os parlamentares não economizam quando o assunto é ligação telefônica. Em maio, a média de gastos de cada senador que declarou despesas telefônicas foi de R$ 1.337 --entre telefones fixos e celulares.
O dado tem como base levantamento realizado pela Folha Online nas despesas disponibilizadas pelos senadores na internet com a chamada verba indenizatória --valor mensal de R$ 15 mil a que têm direito para reembolso de gastos relacionados ao mandato.
No total, 39 parlamentares pediram reembolso ao Senado em maio pelos gastos com empresas telefônicas. O campeão de gastos com ligações telefônicas em maio foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que pediu reembolso de R$ 5.606,90 em despesas com empresas telefônicas. Delcídio pediu três reembolsos de contas da Brasil Telecom, nos valores respectivos de R$ 260,48, R$ 1.841,79 e R$ 3.504,63.
Por meio de assessores, Delcídio disse que 80% de seus gastos com ligações telefônicas no período foram realizadas enquanto esteve em Campo Grande (MS). Delcídio disse que viaja pelo interior do Estado nos finais de semana, por isso precisa utilizar o celular para monitorar suas atividades parlamentares.
Conselho de Ética continua inoperante
Brasília (AE) - Se depender do Conselho de Ética do Senado, qualquer eventual investigação contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), vai "patinar". O Conselho, na prática, não existe há quase quatro meses. Desde o dia 6 de março, quando venceu o mandado de dois anos dos conselheiros, que permanece apenas no papel, aguardando a indicação de todos os 15 titulares e 15 suplentes pelos partidos políticos. Nem o PMDB nem o PSDB formalizaram as indicações de senadores para integrar o Conselho de Ética. O PSOL anunciou que pretende entrar, na semana que vem, com uma representação no Conselho por falta de decoro parlamentar contra o presidente do Senado.Pelo regimento interno do Senado, o Conselho de Ética deveria ter seus integrantes indicados e empossados entre fevereiro e março deste ano. O DEM, o bloco de apoio ao governo (PT, PSB, PR, PRB e PC do B), o PTB e o PDT já formalizaram a indicação de quem vai integrar o Conselho. Mas alguns senadores não entregaram a documentação necessária para participar do Conselho, como a declaração de bens. Para que o Conselho comece a funcionar, falta a indicação de seis senadores titulares - quatro do PMDB e dois do PSDB - e nove suplentes.
Apesar de não ter indicado formalmente seus integrantes, o PSDB informou que os senadores Marconi Perillo (GO) e Marisa Serrano (MS) serão designados como titulares, enquanto Sérgio Guerra (PE), presidente do partido, e Arthur Virgílio Neto (AM), líder da legenda, serão suplentes.
Casa mantém cargos extintos e
Heráclito vê dificuldade interna
Brasília - O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), afirmou ontem que, por "dificuldades internas", algumas diretorias da Casa não foram extintas.
Levantamento realizado pela Agência Brasil no Portal da Transparência do Senado mostra que a extinção de 50 diretorias e cargos de direção do Senado, determinada em março por Heráclito, não foi cumprida na íntegra.
A pesquisa mostra que 21 cargos de direção e diretorias permaneceram, apesar da decisão da Mesa Diretora --entre elas as que causaram maior polêmica, como a de Coordenação de Administração de Residências (diretoria de garagem) e a de Coordenação de Apoio Aeroportuário (diretoria de check-in).
O senador afirmou que a Casa terá sua estrutura administrativa modificada depois que a FGV (Fundação Getúlio Vargas) concluir estudo sobre o Senado.
"O estudo vai traçar um novo quadro funcional do Senado. Estamos tranquilos para que esse novo quadro de pessoal seja implantado", afirmou.
Monitoramento do Pacto
A plataforma de monitoramento do pacto acompanha e orienta o cumprimento do acordo assinado pelas organizações signatárias.